CONTO DE FADA ÁS AVESSAS
Capítulo 4 - Intensa Manhã
(Por Cassy Kayzkay)
Chegando ao apartamento, Suh foi ate a cozinha para fazer um
café, já eram 6:30 da manha e Vitor ainda não tinha descansado, se bem que ela
sabia que ele vivia invertido, acordado a noite toda e dormindo de manhã.
-Muito
legal seu apartamento. Você vive aqui sozinha?
-Não!
Mas a Naná deve chegar lá pelas onze horas , de manha eu estou em casa daí eu
faço o café.
-Você
sempre acordou muito cedo – disse Vitor encostado na parede.
-Você
precisa de um banho e um bom descanso. Vem!
Vitor segui Suh até o quarto, ele sentou na cama enquanto
ela foi até o closet e voltou trazendo um roupão branco e uma toalha.
Aqui
está tome um banho, vou te arranjar uma roupas mais confortáveis que jeans e
camisa de botão e jaqueta. E vou dar uma olhada nisso daí pra você – disse ela
apontando para o corte na testa de Vitor.
Ela saiu do quarto e Vitor se dirigiu para o banheiro com o
roupão e a toalha. Suh foi ate um outro quarto onde o irmão costuma dormir
quando vem passar o fim de semana em sua casa. Ela buscou um pijama
confortável, abriu uma camisa verde olhou e pensou:
-Eles
devem usar o mesmo tamanho!
Dobrou o camisa pegou
a calça olhou uma camiseta branca e resolveu levar ela também. Passou na
cozinha desligou a cafeteira e colocou o café na garrafa térmica para não
esfriar.
Voltou para seu quarto onde Vitor estava tomando banho,
colocou as roupas em cima da cama, mas antes que pudesse sair Vitor abriu a
porta do banheiro.
- Aqui
estão algumas roupas – disse ela meio sem jeito de o ver enrolado no roupão
- espero que sirva, vou buscar o kit de
primeiros socorros pra resolver esse problema.
Vitor simplesmente ficou a olhando, sabia que tinha mexido
com ela novamente, ela ficou nervosa.
Suh saiu do quarto e entrou , e aquele sentimento atingiu
ela de cheio, ela tinha paixão por vê-lo de cabelo molhado, o cabelo dele
sempre ficava caindo no olho escondo aquele olhar arrebatador que só ele tinha.
Suh fechou a porta do banheiro, mas não consegui andar suas pernas ficaram
moles.
-Santo
Deus, não posso me apaixonar por ele de novo.
Com muito custo ela coseguiu chegar a despensa e pegar o
kit, mas quando se levantou Vitor abriu
aporta do banheiro já vestido com a camiseta branca e a calça cinza
estava descalço e com o cabelo pendendo em seus olhos.
-Consegui
achar, vamos dar um jeito nesse machucado – disse Suh não conseguindo disfarçar
o nervosismo.
Antes que ela pudesse chegar a porta, Vitor pegou de suas
mão a mala com os remédios, e a prendeu entre ele e o balcão do banheiro.
-
Vitor, por favor – pediu Suh – não vamos começar tudo aquilo de novo.
- Olha
nos meus olhos e diz que você não me ama mais, que tudo o que a gente viveu foi
um erro e que foi mentira – disse ele olhando fixamente os olhos de Suh.
Ela olhou para aqueles olhos castanhos por trás daqueles
fios de cabelo.
-Não
foi mentira, nem um erro. Mas passou Vitor, foi bom enquanto durou, acabou.
- Não
foi isso que eu perguntei – disse ele – Você ainda me ama ou não.
-Não –
respondeu ela olhando firmemente para ele
-Não é
isso que seus olhos dizem.
-Nem
sempre os olhos dizem o que é o certo a fazer – respondeu ela se livrando dele
e caminhando para o quarto.
Ela sentou na cama e derramou um liquido num algodão.Vitor
sentou na cama de frente para ela. Ela limpou o machucado e fez um curativo.
-
Pronto – disse ela se levantando.
Vitor agarrou o braço dela a fazendo sentar na cama
novamente
-
Verdade – disse ele – os olhos nem sempre refletem o que é certo a fazer,
porque sempre vão refletir o que sentimos no coração.
Suh olhou para ele soltando um suspiro cançado.
-Diz
que não sente nada por mim - disse Vitor
– e acaba logo com isso.
Suh se levantou e disse:
- Não
vou negar que sinto uma forte atração por você, mas é melhor a gente deixar
tudo como está.
Antes de Suh chegar a porta, Vitor a puxou pelo braço a
fazendo girar de encontro a ele num beijo. Ela tenta empurra-lo e se livrar mas
seu corpo e alma esperavam e imploravam por aquele beijo mais uma vez e ela
retribuiu o beijo apertando a nuca de Vitor e entrelaçando os dedos no cabelo
dele. Ele a agarra pela cintura e a puxa para mais perto dele. O beijo termina
e eles continuam de rosto colado.
-Sabia
que você nunca deixou de me amar – sussurrou Vitor.
-Para
Vitor! A gente não devia ter feito isso.
- Por
que? Você sabe que ninguém vai te amar como eu, somente eu sei amar – insistiu
Vitor a beijando no pescoço, ele olha nos olhos dela - e você me deve uma
ultima vez.
Ele sorri, com aquele sorriso encantador, ela olha para ele,
e pensa.
-Não vamos
fazer nada que já não tenhamos feito antes – brinca Vitor.
Ela olha no fundo dos olhos dele, sua resposta era não mas
seu corpo e alma diziam sim e ela não conseguiu resistir:
-Deus! –
suspirou ela – Vitor...
Ela agarrou os cabelos dele e o puxou pela nuca num beijo,
ele a ergueu nos braços e a pegou no colo, foi até a cama e a pôs delicadamente
deitada naquele beijo sem fim. O cabelo dele ainda estava molhado quando ela
puxou a camiseta dele. O Sol nascia a acidade começava a acordar, mas num
quarto daquela cidade havia duas pessoas que estavam vivendo uma intensa manhã
de amor.
O sono pegou Vitor e Suh, depois daquela manhã, Suh acordou
nos braços de Vitor, enrolados no edredom branco, Vitor dormia, ela o admirava,
rolou para o outro lado e viu no relógio que já eram quase oito horas, ela
pulou da cama fazendo Vitor se acordar.
- O que
aconteceu? – perguntou ele esfregando os olhos
-Já é
tarde, preciso dar alguns telefonemas – disse Suh enrolada no lençol e pegando
um vestido no closet. Quando ela voltou já estava vestida, caminhava rápido passando
a mão nos cabelos – pode voltar a dormir, se a Tati ligar eu te aviso.
Vitor sentou na cama olhando para ela.
-Suh,
para de caminhar,você tá falando como se a gente não tivesse feito nada!
Ela parou onde estava, virou-se e olhou para ele, caminhou
até na cama e sentou ao lado de Vitor. Com a consciência retomada ela olhou
para ele e morrendo por dentro disse:
- Você queria
mais uma vez, uma ultima vez Vitor. Eu lhe devia isso, mas acabou. Você mesmo
disse que seria só essa vez. Então esse assunto acaba aqui nesse quarto – ela queria
mais, ela o queria para sempre, mas ela não podia dar vida um relacionamento em
cima de uma mentira.
Ela se levantou e saiu do quarto.
Vitor deitou na cama e não parava de pensar no que havia
acontecido.
Suh foi até a cozinha tomar café, ela sentou e pegou o
telefone sem fio, discou um numero.
-Alô - disse a voz do outro lado
-Alô –
disse Suh – Zezé? Aqui é a mãe da Vitória, ela já saiu para a escola?
- Sim,
ela e a Maria acabaram de sair, Dona Larissa acabou de levar as duas!
- Ok
então, aconteceu alguns imprevistos aqui em casa. Avise a Lary que eu pego as
meninas na escola.
-Sim
senhora. Tenha um bom dia.
-Você também
Zezé, obrigado.
Suh desligou o telefone. Vitor apareceu na porta.
-Você tem
uma filha? Vi os porta retratos na mesa do telefone.
Suh olha assustada para ele. Mas responde.
-Tenho.
Ela dormiu na casa de uma amiguinha dela, que por sinal a mãe dessa amiguinha é
minha amiga.
-Por
que não me contou? – questionou Vitor
Suh
levantou e foi até a sala, pegou o retrato em que estava ela e a filha no
aniversário de cinco anos.
-Ela minha
vida, é tudo o que tenho, tudo que faço e fiz foi para ela , para o bem dela.
-Você casou?
Suh não queria mentir, mas não podia dizer a verdade.
- Sim –
mentiu ela
- E
onde esta ele? – quis saber Vitor
-Morreu
em um acidente pouco antes de a Vitória nascer.
-Vitória?
- É. Minha
Vitória.
Vitor passou os olhos pelos porta retratos e parou em um em
que estava Suh e um homem abraçados. “Com certeza era ele” pensou Vitor.
-É por
isso que você não quer continuar nosso relacionamento?
Suh sentiu um alivio ao ver uma solução para acabar com tudo
aquilo.
-Não
tenho como ir embora com você, tenho ela. E não a deixarei por nada Vitor.
-Ela
tem seus olhos – disse ele.
-E o
sorriso do pai – disse Suh não contendo a emoção, quase contando toda a verdade
para ele.
Vitor a olhou, e ela
sorriu. A sala ficou em silencio, Suh estava pondo o porta retrato no lugar
quando o telefone tocou. Ela se assustou e derrubou o porta retrato no chão quebrando
em vários pedacinhos.
-Droga –
disse ela pegando o telefone – Alô.
-Suh, é
a Tati, to ligando pra te avisar que o Leo recebeu alta, a gente tá indo pro
hotel. Diga para o Vitor encontrar com a gente lá.
-Tudo
bem!
-Obrigado!
-Imagina,
Thau!
Tati desligou o telefone. Suh olhou para Vitor e disse:
- Era a
Tati para avisar que o Leo recebeu alta e é pra você encontrar eles no hotel.
- Vou
me trocar então - disse Vitor.
-Vai,
eu vou pegar um pano para juntar essa bagunça.
Suh foi até a cozinha e Vitor juntou a fotografia em meio
aos cacos de vidro, atrás da foto estava escrito outubro de 2006, era o
aniversário de cinco anos da menina, o diz que dali um mês ela faria onze anos,
só não sabia o dia. Ele havia se enganado, ele pensou que aquela fotografia era
recente e já faz seis anos que foi tirada, não havia mais fotos da menina mas
ela já era quase uma adolescente. Há praticamente dez anos atrás ele e Suh
tiveram um relacionamento, e ligando tudo em sua cabeça Vitor percebeu que
aquela menina poderia ser sua filha. Era muito louco pensar nisso agora,
parecia impossível, mas a hipótese não poderia ser descartada. Vitor sentia uma ligação muito forte com Suh,
e tinha que haver uma explicação para isso.
Suh voltou com o pano da cozinha, Vitor a entregou a foto
olhando em seus olhos.
-Você não
foi se trocar ainda? Já estamos saindo Vitor, vou te deixar no hotel.
- Pois
é, fiquei aqui mergulhado em pensamentos – respondeu ele.
Vitor foi para o quarto: “Ela não teria coragem de esconder
uma gravidez dele” pensou ele trocando de roupas.
Em meia hora Suh e Vitor chegaram ao hospital, nenhuma
palavra fora do normal foi trocada entre eles durante o percurso, Suh estranhou
um pouco, mas não quis saber o motivo.
Ela estacionou o carro e entro com Vitor, Tati abriu a porta
do quarto e eles entraram, as malas estavam prontas Leo agradeceu Suh mais uma
vez. Os quatro desceram juntos, Vitor abraçou Suh.
-Se
cuida Vitor! – disse ela.
- Você também
Suh.
Ele chegou perto do ouvido dela e cochichou:
-
Espero ver você novamente e conhecer a Vitória.
Suh sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Vitor sorriu
para ela, ela retribuiu o sorriso.
-Não faltará
oportunidade pra vocês se conhecerem.
Vitor, Leo e Tati entraram no carro que os levariam até o
aeroporto, Suh seguiu seu caminho, imaginando que aquela seria a ultima vez que
ela o veria.
Mas destino reserva para ela mais do que ela pode imaginar.
Vitor foi embora, mas ele teria que tirar toda a história a
limpo, ele não engoliu as desculpas de Suh, ele tinha compromissos mas não sossegaria
até saber toda a verdade.